4 de maio de 2013

Confusion

Hoje a policia foi ao meu escritório para obter algumas declarações. O inspector perguntou-me, entre outras coisas, se em algum momento tinha recebido chamadas estranhas ao que lhe respondi que não, apenas recebera aquela chamada naquele dia. Naquele momento, o inspector retira dentro do envelope um conjunto de fotografias duma mulher.

- Conhece esta mulher? - perguntou-me descontraidamente.

Ao ver as fotografias, em diferentes contextos, não reconheço no imediato mas ouve uma delas que me prendeu a atenção. Uma mulher com um vestido vermelho e de óculos de sol, onde se percebia nitidamente as suas feições.
Fiquei pálido e extremamente admirado. Confesso que sou bastante expressivo mas naquele momento apenas arregalei os olhos e cerrei-os. Não queria acreditar no que via.

- Há alguma coisa que deve saber, Sr Pedro Vicente?

- Não, não Sr. Inspector. - inclinei-me para trás na cadeira, suspirando e passando as mãos na cabeça. A minha postura corporal denotava muita coisa e eu tinha essa noção.

- Tem a certeza? Não me parece que esteja a dizer a verdade. - Insistiu comigo.

- Já lhe disse que não! - inclinei-me para a frente, na mesa, enfrentando-o e arregalando os olhos agressivamente.Tinha de me defender. - Agora peço-lhe que saia do meu gabinete, por favor!

O inspector, duma forma muito educada, baixou a cabeça e levantou-se, ajeitando-se. Percebera perfeitamente que eu estava comprometido com alguma coisa e que tinha acabado de me denunciar perante si.


- Se me permite, desejo-lhe um bom dia - ao dirigir-se para a porta, despedia-se com um sorriso amarelo de quem sabe perfeitamente o que fazer a partir de agora.

Fiquei de rastos e completamente desnorteado. Ela era a Teresa de Sá.

Era impressionante como ela fugia mundo e me procurava apenas para fuder. O que é que pretende de mim? Porque é que está dada como desaparecida quando na realidade anda por aí à solta? Teria sido ela que naquele dia gritava quando aquele homem me ligou?

Que confusão que vai na minha cabeça.

Passados vinte minutos recebo no meu gabinete dois representantes da Nokia. Tinham um produto novo e queriam desenvolver uma campanha publicitária. O produto era interessante e tinha algumas características únicas mas naquele momento a minha cabeça estava noutro sitio. Pedi-lhes educadamente para adiarmos a reunião pois tinha um familiar no hospital. Eles acederam sem problema. Foram simpáticos e antes de saírem falaram-me um pouco da cultura nórdica referindo a importância que é dada à família. Fiquei pensativo sobre a sua maneira de pensar.

Depois desta reunião, saí do escritório e não sabia para onde ir. Estava completamente de rastos com toda esta história. A meio da minha viagem, lembrei-me de ir dar uma volta de barco.

Apetecia-me fugir daqui e desaparecer. Já em pleno mar, o tempo estava quente e sentado na proa, ia bebendo uma garrafa de vinho branco fresco para aliviar a cabeça e perceber o que ia dizer novamente à polícia.

Digo a verdade? Digo que estive com ela naquela noite? Como provo que não sabia quem era esta puta de merda?



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