25 de abril de 2013

A red dress woman

Que dia de trabalho louco que tive. 
Reuniões atrás de reuniões para negociar novos contratos para a minha empresa para garantir que não preciso de despedir o meu staff. Estou cansado e sem vontade para nada e apetece-me ir passear de carro, perto do mar. Ainda não sei bem para onde vou mas sei que preciso de ver o mar para me acalmar.

A caminho de casa, inverti a minha rotina e vou até à praia. Estava na marginal às seis da tarde e o calor estava abrasador. Sentia um desejo enorme de por os pés na areia fria para me sentir terreno e ligado a este mundo mas ao mesmo tempo o cansaço e todas as preocupações invadiam-me o cérebro. Detesto quando quando trago trabalho para casa ou para o meu lazer.

Sentado no muro, a ver o mar, já depois de me ter banhado na areia da praia, decidi olhar ao meu redor para apreciar a paisagem quando me deparo com uma mulher vistosa. Fiquei logo prendido ao seu sex appeal e ela nem me viu. Mas que mulherão. Tinha um vestido vermelho justo e o que me chamara à atenção fora o seu cabelo aloirado, ligeiramente ondulado, além das suas apetecíveis curvas. Não me recordo do que trazia calçado mas sei que eram sapatos de salto alto que a tornavam ainda mais apetecível. Aparentava ser executiva pois estava demasiado formal para estar na praia.
O meu coração ficou imediatamente a palpitar com vontade de conhecê-la. Tinha de a conhecer a todo custo.

Calcei-me num ápice e fui em direcção ao meu carro para tentar forçar uma conversa mas ao lá chegar, fiquei bloqueado e não consegui abrir a boca. Só olhei . Senti-me paralizado enquanto ela entrava no seu carro, e me olhava através dos seus Ray-Ban Aviator. Fodasse mas o que se passou? Que merda foi aquela? Fiquei paralisado e sem reacção para falar com um mulher? Num abrir e fechar de olhos, ela sumiu-se e eu perdia a oportunidade de falar com ela.

Ao chegar a minha casa, senti-me fraco por não ter conseguido dizer uma palavra. Nem um "olá" consegui proferir. Parecia que me enfeitiçara só com o olhar como nos filmes. E agora? Será que vou voltá-la a ver?

Fodasse!

Todos os dias, durante duas semanas, à mesma hora,  ia aquela praia na esperança de a ver mas nunca consegui. Tinha desaparecido de vez e eu estupidamente tinha ficado enfeitiçado por aquela mulher que nem sabia o nome mas sabia que era aquilo que procurava.

No final do mês teria uma reunião importante que me permitiria um encaixe financeiro considerável e tinha de me preparar para conseguir manter a minha empresa. Ia-me reunir com um investidor estrangeiro que estava interessado nas potencialidades dos meus produtos. Tinha sido tudo combinado por mail para 6ªf à tarde num restaurante à beira mar. É onde se faz os melhores negócios, onde não há pressão nem pressas. Tinha a minha estratégia delineada e estava extremamente confiante que ia fechar o negócio mas não podia deixar invadir a minha emotividade senão deitava tudo a perder.

Já estava no restaurante, às duas da tarde, sentado à espera do meu investidor. Confesso que me sentia nervoso como se fosse fazer um exame.
Acabara de chegar à mesa um senhor da sua meia idade, apresentável de cabelo grisalho e de olhos azuis. Confesso que estava à espera de alguém mais novo mas este senhor inspirava-me confiança. Depois de estarmos horas a falar sobre tudo o que nos fascinava nos desportos que praticávamos, ambos radicais, confesso que aquele homem me cativava pela sua essência. O negócio estava fechado com sucesso e com boas regalias para ambas as partes. Nunca um almoço me soubera tão bem como este. Enquanto estava a pagar a conta e esperava que o empregado me desse o Visa, olhei para o fundo da sala e vejo uma senhora loira com o cabelo ondulado com uma aparência muito similar a que vira há umas semanas atrás. Não quis acreditar que era a mesma pessoa que vira. 

Delicadamente, questionei se estava sozinha e se podia fazer uma pergunta, ao que me respondera com um sorriso lindo que não se importava e o que é que eu tinha de tão importante para interromper os seus pensamentos. Confesso que me senti afrontado pois estou habituado a dominar tudo mas esta mulher era diferente. Em tudo. Via-se que era uma dominadora nata e que sabia claramente o que queria.

Esboçando o meu melhor sorriso e provocando a penetração no seu olhar doce, perguntei-lhe se há umas semanas tinha estado com um vestido vermelho na praia. Surpresa com a minha pergunta, no mínimo estranha, fez um rewind mental e lembrou-se desse dia e contrapôs a minha pergunta com uma outra pergunta, sorrindo:  era você que estava embasbacado a olhar para mim?

Confesso que corei porque não estava à espera daquela pergunta mas entrei naquela brincadeira e assumi:

- Sim, era eu. Que figura de parvo realmente. Mas naquele dia fiquei parvo a olhar para si.
- Não percebi porquê - respondeu-me com um ar de arrogante sedutora.
- Porque você é extremamente interessante e não passa despercebida aos olhos dum homem. Não tem noção disso? - confrontei-a.
- Tenho. Mas também sei que não é qualquer um que me toca. Sou muito selectiva e....- fez uma pausa - sou eu que escolho quem quero que me coma, confidenciou-me ao ouvido.

Limitei-me a esboçar um sorriso de prazer pois percebi logo a sua mensagem. Fiquei calado com cara de parvo a apreciá-la. Sabia que tinha causado algum impacto nela mas ainda não percebia bem o que. Levantei-me da mesa e deixei-a a comer sozinha. Ao lado do copo, escrevi-lhe o meu nº de telemóvel na esperança que me dissesse algo. Ao despedir-me sussurrei-lhe ao ouvido:

- Fique com o meu nº, caso queira alguém que lhe coma como deve ser comida. - e deixei o restaurante com uma tesão enorme por aquela mulher cujo nome não sabia. 

Será que me vai ligar?

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